O Rio Grande do Sul teve dois geoparques reconhecidos pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) nesta quarta-feira (24/5), durante a 216ª reunião do Conselho Executivo do órgão, em Paris. A nomeação dos destinos – Quarta Colônia e Caçapava do Sul – acontece após um longo processo conduzido pela comunidade da região, envolvendo representantes das esferas público e privada, assim como da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).
Com a decisão, o Rio Grande do Sul se torna o Estado brasileiro com o maior número de geoparques mundiais. Até então, apenas outros três territórios no país eram classificados dessa forma pela Unesco: Caminhos dos Cânions do Sul (Santa Catarina e Rio Grande do Sul), Seridó (Rio Grande do Norte) e Araripe (Ceará, Pernambuco e Piauí). No território gaúcho, ainda há outro geoparque que busca o reconhecimento: Raízes de Pedra, também localizado na região central do Estado.
No ano passado, uma equipe de avaliadores da Unesco esteve no Rio Grande do Sul para conhecer os atrativos turísticos, culturais e históricos dos locais, que justificam a confirmação do título de geoparque mundial. O órgão reconhece a singularidade geológica das regiões e contribui para a construção de uma estratégia de desenvolvimento local. O título funciona como incentivo à conservação do patrimônio natural e cultural, à educação para o meio ambiente, à geração de renda por meio de iniciativas privadas e ao empreendedorismo, bem como ao turismo sustentável.
Potencial
O anúncio ocorreu durante a realização da 2ª Conferência Estadual do Turismo (Confetur). Para o secretário de Turismo, Vilson Covatti, o reconhecimento é resultado dos novos rumos que o Estado está tomando, com a valorização do turismo segmentado, especialmente de natureza e paleontológico. “Estamos apoiando o desenvolvimento do turismo nesta região, destinando recursos para aperfeiçoamento da infraestrutura turística e contribuindo para que ela se torne mais conhecida tanto no Estado como no Brasil e no exterior”, ressalta.
O secretário de Cultura e Turismo de Caçapava do Sul, Stener Camargo, contou que o processo para candidatura a geoparque começou há mais de dez anos, com pesquisas científicas sobre os potenciais regionais. “Temos um processo de engajamento da comunidade para trabalhar o pertencimento e fazer com que a população possa explorar esses destinos de forma sustentável, gerando economia e renda”, detalha.
“Estamos trabalhando em diversas frentes para capacitação da rede do turismo, assim como para ajustar pontos em relação à proteção ambiental. Temos muita potencialidade, mas ainda não contamos com a infraestrutura que julgamos adequada para os atrativos que existem”, explica Camargo. “Projetamos intervenções no prazo de cinco a dez anos, contando com o apoio que já vem sendo dado pelo governo estadual.”
A partir de agora, os novos geoparques começam a operar de forma integrada com a Rede Mundial de Geoparques, trocando informações e recebendo capacitações para se aperfeiçoar tecnicamente a fim de desenvolver o turismo local e continuar com o título concedido pela Unesco. Desde o ano passado, a Secretaria de Turismo (Setur) coordena o Comitê Estadual de Geoparques, grupo que busca transformar o tema em uma política pública de Estado e conta com integrantes de secretarias do Executivo estadual e representantes de outras instituições.
A vice-diretora do Geoparque Mundial da Unesco da Quarta Colônia, Michele Vestena, lembra que territórios considerados geoparques observaram o turismo aumentar em até três vezes. “Por estarmos dentro de uma rede mundial, ganhamos uma visibilidade muito grande. Um dos motivos do turismo na Quarta Colônia são os fósseis, mas o nosso território tem muitas outras potencialidades capazes de fazer com que as pessoas o procurem”, afirma.
Confetur
Durante a tarde desta quarta-feira (24/5), ocorreu um painel na Confetur para tratar das oportunidades do produto turístico segmentado, entre elas os geoparques, com a coordenadora de Desenvolvimento Regional e Cidadania da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Jaciele Sell. A especialista considera que a certificação demonstra que o visitante vai encontrar espaços com diversidade de opções de turismo, que funcionam como alternativa para o desenvolvimento dos municípios.