Desde a última segunda (7), temas acadêmicos passaram a ser incorporados no uso da tribuna da Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo por pessoas que não fazem parte da composição do Plenário.
Por meio da Resolução 8.374/2020, aprovada em junho deste ano, a Tribuna Popular, realizada na primeira segunda-feira de cada mês, teve o seu nome ampliado para “Tribuna Popular e Tribuna Acadêmica”.
Com isso, fica aberto espaço para
dar visibilidade a trabalhos e pesquisas de relevância desenvolvidos por alunos
de instituições de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) ou
pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu).
O tema de inauguração da Tribuna Acadêmica foi o projeto de extensão que busca
incluir, de forma transversal, conteúdos sobre direitos fundamentais na grade
curricular do ensino médio das escolas capixabas.
A pesquisa sobre o assunto foi realizada pelo estudante de direito Marcos Guimarães, ao desenvolver um ciclo de palestras sobre direitos fundamentais para 80 alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Aristóbolo Barbosa Leão, localizada na Serra.
Apoio
Guimarães relatou que os estudantes envolvidos nos estudos apresentaram
aproveitamento médio de 70% dos conhecimentos repassados. E uma pesquisa ampla
realizada com pessoas de várias faixas etárias e graus de escolaridade indicou
que 97% delas consideraram importante que o ensino transversal de direitos
fundamentais seja incluído no currículo do ensino médio no estado.
Conforme o MEC, o ensino transversal acontece quando um conteúdo é trabalhado
nas áreas e/ou disciplinas já existentes. Com base nisso, o direito
fundamental, tema da pesquisa abordada pela Tribuna Acadêmica, caso seja
incluído na grade escolar, poderá ser aplicado em associação a várias
disciplinas já adotadas no ensino médio.
O MEC destaca, na
transversalidade do ensino, o enriquecimento de conhecimentos nas áreas de
cidadania, envolvendo ética, saúde, meio ambiente, orientação sexual, trabalho,
consumo, pluralidade e cultura.
Os estudos, conforme explicou Marcos Guimarães, vinham sendo desenvolvidos há
dois anos e fazem parte de uma parceria com a Comissão de Educação da
Ales.
Além disso, acrescentou o palestrante, o presidente do colegiado, deputado
Bruno Lamas (PSB), prontificou-se a elaborar um projeto de lei objetivando a
inclusão da disciplina de Direito no ensino médio caso o resultado dos estudos
apontasse para a viabilidade dessa medida.
O próprio Lamas, ao final da palestra de Guimarães, reiterou a intenção de elaborar o projeto, mas antes disso pretende que seja realizada uma reunião conjunta dos colegiados de Educação e Cidadania para colher sugestões que possam fortalecer a matéria.
Para o encontro conjunto deverão ser convidados os integrantes do grupo que é liderado por Marcos Guimarães e realiza estudos junto aos alunos da escola na Serra e do Instituto Direito na Escola – entidade que tem inspirado a criação de leis para a inclusão da temática no ensino médio.
Conforme relatou o palestrante, os primeiros resultados desse esforço já estão sendo concretizados uma vez que em Belo Horizonte e cidades do interior de Minas Gerais, além de Domingos Martins (ES), os vereadores aprovaram leis que incluem direitos fundamentais nas escolas municipais.
Marcos Guimarães considerou importante a disseminação de conhecimentos sobre direitos fundamentais já a partir do ensino médio e enfatizou que uma sociedade detentora de saber jurídico jamais será ludibriada.