Com a chegada do final ano, há uma queda acentuada nos estoques de sangue dos principais hemocentros do país, por isso a importância de campanhas de conscientização para engajar a população a fazer as doações de sangue de forma regular. Ouro líquido, é assim que o sangue costuma ser visto na comunidade médica. Tanto o sangue como os hemoderivados são valiosos e indispensáveis dentro do ambiente hospitalar.
Desde 2010, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem solicitando oficialmente aos seus Estados membros a implementação de Projetos de PBM (em inglês, Patient Blood Management). Como o nome já indica, são programas de gerenciamento de sangue do paciente que requerem uma abordagem multiprofissional e multidisciplinar e visam o uso racional dos produtos sanguíneos dentro do ambiente hospitalar ao preservar o sangue do próprio paciente.
Manter a sustentabilidade dos sistemas é uma prioridade nos hospitais, e os programas gerenciamento visam otimizar o uso do sangue de forma inteligente e que não afeta a saúde dos pacientes. Reduzir o número de transfusões sanguíneas é um dos preceitos desses dessas políticas hospitalares.
Há 10 anos, se um paciente estivesse com a taxa de hemoglobina abaixo de 12 g/dl, pelo entendimento médico, a recomendação já era a transfusão. Hoje a estratégia consiste em identificar e tratar antecipadamente pacientes com anemias e alterações de coagulação sanguínea. Também é possível recorrer a outros tipos de recursos que podem prevenir ou conter sangramentos durante, após a cirurgia e com melhor custo-benefício. Entre as alternativas, estão o uso dos selantes, substâncias que impedem o sangramento através da vedação contra vazamentos em anastomoses arteriais, e, os hemostáticos, que interrompem o sangramento intraoperatório ao interagir com a cascata de coagulação.
“Há vários ensaios clínicos que demonstraram que menos transfusões resultam em menores complicações e tempo de internação, além de uma melhor sobrevida aos pacientes”, informa o Dr. Lucas Portela, gerente médico da Baxter, líder global em tecnologia médica.
Pesquisa realizada pela Society for the Advancement of Patient Blood Management (SABM) demonstrou que o gerenciamento do sangue do paciente pode reduzir eficazmente o índice de mortalidade (até 68%), reoperações (até 43%), readmissões hospitalares (até 43%) e complicações (até 41%). Estes índices trazem ainda o benefício da redução de custos de 10 a 24%2.
Para o médico, o programa vai além de melhorar os resultados dos tratamentos, economizar recursos das estruturas de saúde e reduzir os custos associados. “Esses programas inteligentes trazem maior segurança ao paciente, uma vez que ao minimizarmos sangramentos, é possível otimizar a eritropoiese (processo de produção e maturação de hemácias) e a reserva fisiológica específica de pacientes com anemia, por exemplo”, destaca o médico.