Com a aproximação das eleições municipais, diversos candidatos ao executivo e legislativo municipal em todo o Brasil além de anunciar seus nomes como o melhor e mais qualificado para representar a população e gerir as cidades, colocam em pauta os seus planos de ação ou de governo. Em muitas ocasiões, planos robustos, com iniciativas de encher os olhos dos eleitores. Com tantas boas promessas e pessoas dedicadas e comprometidas com o bem estar comum, fica até difícil definir em quem votar. Para muitos eleitores ressabiados e decepcionados, difícil definir em quem acreditar. Com essa descrença, muitos deixam de votar, votam em branco ou anulam o voto, atos que acabam favorecendo os maus políticos. Como diz uma frase que circula nas redes sociais: Quem não escolhe o que quer, logo, não terá mais escolha e ficará fadado a conviver com o que vier!
O bem comum deve estar acima do benefício uno, ou em favor de alguns que vivem à órbita dos poderes executivos e legislativos, seja dando suporte para que A ou B se eleja, ou por simplesmente fazer número nos eventos presenciais ou ser responsável por curtir, comentar e compartilhar nas redes sociais, o que alguns chamam de apoio digital ou digitalização da subserviência.
Entre as principais bandeiras levantadas pelos políticos ávidos por um mandato e seus apoiadores estão saúde, educação, bem-estar social, obras, todas elas extremamente necessárias para uma boa qualidade de vida. É certo que sempre há mais a fazer, o que melhorar, o que ampliar, o que modernizar. Com isso, essas serão sempre “fontes da juventude permanente” que renovam ou conquistam mandatos.
Uma bandeira que é levantada por alguns é a do esporte. Animador para a população de um país que além de apaixonada pelo esporte, é carente de tantas coisas e encontra no esporte, um alento. Com todo o discurso batido dos benefícios que o esporte traz às crianças, adolescentes, adultos e idosos, alguns políticos conquistam uma grande fatia de votos com a promessa de oportunizar, valorizar, ampliar e democratizar a prática esportiva para a população. Infelizmente, na maioria das vezes, essa bandeira levantada tão efusivamente durante a pré-campanha e período eleitoral, fica hasteada a meio mastro, ou, na maioria das vezes sequer é lembrada durante quatro anos.
O que falta para que os gestores e legisladores deem a devida importância ao esporte? O que falta para que esse comprometimento saia do papel e se torne realidade em prol de todos? Ofertar práticas orientadas por profissionais, oportunizar às crianças conhecer vários esportes através de uma iniciação esportiva com metodologia adequada, ter equipamentos e praças esportivas que sirvam para que o esporte e as atividades físicas aconteçam de forma democrática, programas esportivos que agreguem indistintamente a todos que queiram praticar esportes diversos, não limitando apenas ao futebol, o que acontece em boa parte dos municípios onde a política anuncia ter esporte para todos, mas que colocam 22 crianças para jogar descalças e sem camisa em um campo de terra e chamam isso de inclusão.
Outro ponto que deve ser observado pelos gestores é a nomeação de pessoas para as secretarias, diretorias, ou qual seja o cargo que esteja responsável pelo esporte, que sejam pessoas que, entendam o cargo que estão ocupando, saibam qual é a sua função, sejam realmente da área e que tenham a capacidade de gerir o esporte. Além do titular da pasta ou setor, a equipe formada para esse trabalho deve ser de profissionais que sejam empenhados no esporte, sem deixar de lado as questões pedagógicas.
Uma prefeitura que apoia e incentiva o esporte não pode se limitar a promover competições apenas de uma modalidade, em muitas ocasiões, o futebol, tampouco dar vinte medalhas para competições promovidas por pessoas próximas à gestão e colocar isso como um grande incentivo ao esporte. Apoiar e promover o esporte vai muito além disso. Desde a criança até o idoso, muitas são as possibilidades de oferta. Seja no esporte educacional, recreativo, competitivo, rendimento e até no esporte profissional, são várias e várias situações em que o poder público pode e deve colaborar, incentivar e promover.
Canalizar os poucos recursos destinados ao esporte a apenas uma entidade, grupo político ou modalidade, é, além de um ato mesquinho, de grande prejuízo para a cultura esportiva de um povo. Tantos atletas com grande potencial tem suas carreiras abreviadas por não conseguir apoio necessário, não ter locais para treino e sofrer com a falta de leis municipais que beneficiem esses atletas. Muitos outros sequer têm a oportunidade de conhecer algum esporte. Carreiras são abreviadas ou nem são iniciadas pela falta de oportunidade.
Uma excelente possibilidade de fomentar o esporte é dentro das escolas. Segundo o parágrafo único do artigo 211 da Constituição Federal, os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. Pela LDB, em seu artigo 11, parágrafo V, os municípios devem ter como prioridade a oferta do ensino fundamental. Oferecer ensino fundamental e, com prioridade, a educação infantil em creches e pré-escolas. Eis que os municípios têm nas mãos, o público ideal para que possam tornarem-se grandes referências esportivas. As crianças quando experimentam os esportes têm a possibilidade de se identificarem com uma ou mais modalidades, tornando-se praticantes assíduos, levando para o seu histórico motor não apenas os benefícios à saúde, mas a afinidade com a modalidade esportiva.
Embora não seja papel da escola formar atletas, apresentar os esportes para os alunos nas aulas de educação física e em atividades extracurriculares deve ser um compromisso de toda rede de ensino. O custo para que isso aconteça é ínfimo. Na verdade, não é um custo, mas sim um investimento na vida e na saúde de todos. Se, mais tarde, aquela criança optar em não ser praticante de nenhum esporte, ela já colheu frutos para sua saúde e vivência motora. Essas práticas não devem ser ofertadas apenas no Fundamental II, mas desde a tenra idade. Os estudos mostram que quanto mais cedo iniciar a prática esportiva, desde que bem orientada, melhor. Fica a sugestão para que toda criança, a partir de cinco anos de idade, tenha acesso às atividades físicas nas escolas. Outra sugestão, é que os “primeiros passos” sejam dados através da Iniciação Esportiva Universal com um professor de Educação Física.
Outro ponto muito importante é a criação de leis que determinem que as escolas tenham professores de educação física ministrando aulas para os alunos desde a creche. Com a orientação e supervisão de um profissional, o progresso motor e cognitivo das crianças, serão potencializados, refletindo em um melhor aprendizado de todas as disciplinas e execução mais eficaz de todas as atividades. O poder público também pode firmar parcerias com instituições sérias que promovem o esporte. Se for por força de lei, ainda melhor, pois há a garantia de promoção e execução de atividades de forma perene.
Também há de se contar com leis municipais que destinem recursos e incentivos a atletas e equipes que obtenham resultados expressivos em competições oficiais promovidas pelas federações e confederações esportivas e em competições escolares promovidas pelo COB, pela CBDE e pelos estados. Com critérios bem definidos, a destinação de recursos para entidades e atletas é de grande importância, pois os atletas e professores terão a certeza que terão condições de participar de eventos e assim, conquistar melhores resultados e evoluir no esporte. É inaceitável que para se participar de um evento oficial, tenha que estar com o pires na mão nas portas de secretarias e prefeituras implorando uma passagem, uma inscrição ou um valor para custear despesas básicas como alimentação, hospedagem e inscrição. O que se percebe com frequência, são pessoas que participam de evento particulares, muitos deles apenas de caráter recreativo, sem nenhuma validade oficial ou para qualquer ranking, facilmente conseguir esses apoios, tão sonhados por atletas e equipes que participam de competições oficiais.
Em todo o brasil são 5.565 Municípios. Um salve a aqueles que apoiam, promovem e incentivam o esporte em suas diversas manifestações e esferas. Aos que ainda não tomaram essa consciência, que seus novos gestores e legisladores, ou aqueles que vão permanecer em seus cargos possam ter essa visão em prol do esporte. Para aqueles que não tem ainda a boa orientação de como fazer, por estar mal orientados pelos que ocupam secretarias, diretorias e departamentos, é hora de abrir os olhos e direcionar os investimentos de forma justa e eficaz.
E a você, querido leitor e eleitor que é fã do esporte, esportista, pai que quer que seus filhos tenham a oportunidade de praticar vários esportes, em ambientes adequados, bem orientados e com os benefícios para a saúde e para a vida, escolha bem seus candidatos. Veja suas propostas, seu histórico, sua índole. Sem deixar de lado as outras necessidades da população, peça pelo esporte. Converse, proponha, cobre a aqueles que vão bater à sua porta pedindo o seu voto, e cuidado com os que já prometeram e não cumpriram. Esses não são dignos do seu voto. Não são dignos de empunhar uma bandeira tão importante quanto o esporte.