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Nordeste

Judiciário de Alagoas trabalha na preservação de processos históricos

Há processos contra Lampião e o que trata da última pena de morte no Brasil, ocorrida no município de Pilar em 1876

Publicada em 05/07/23 às 07:19h

Web TV e Rádio Nacional com Dicom TJAL


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Judiciário de Alagoas trabalha na preservação de processos históricos
 (Foto: Dicom TJAL)

O Poder Judiciário de Alagoas tem trabalhado na higienização e conservação de processos históricos. Desde o final de janeiro, mais de 100 documentos já passaram por esses procedimentos de preservação. 

De acordo com a conservadora e restauradora Mariana Marques, que coordena os trabalhos, há processos seculares, que são descortinados à medida que as atividades avançam. 

"Há muitos processos aqui relacionados à escravidão e a crimes praticados contra mulheres. Também há outros de cunho político e econômico. Temos um conjunto de processos contra Lampião e o que trata da última pena de morte do Brasil, ocorrida em Pilar", contou. O enforcamento, em 1876, foi de um escravizado, conhecido como Francisco, sentenciado por haver matado duas pessoas.

A iniciativa é do Centro de Cultura e Memória (CCM) e das comissões de Gestão da Memória e de Avaliação Documental do Poder Judiciário de Alagoas. Além da restauradora, trabalham na limpeza e conservação dos documentos os estagiários Hilda Monte e Mattheus Duê, do curso de História da Universidade Federal de Alagoas (Ufal).

"Muitos processos estão cheios de fungos, traças e cupins. Fazemos um trabalho de higienização e pequenos reparos de emergência no intuito de deter algum sinistro que possa acometer o documento", explicou Mariana, ressaltando que o trio utiliza equipamentos de proteção, como luvas, máscaras, avental e touca.

Laboratório

 O trabalho é feito em uma sala que funciona no Arquivo Judiciário, no Barro Duro. O objetivo do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL) é ampliar o espaço, transformando-o em um laboratório de conservação e restauro.

"A Presidência tem interesse em criar esse setor. Fazendo isso, vamos melhorar o resguardo da nossa memória", afirmou o presidente do TJAL, Fernando Tourinho.

Segundo o desembargador, muito da história acaba se perdendo em razão da deterioração e do armazenamento indevido dos processos. "Há a necessidade premente de investir nesse restauro e a gente pretende, inclusive, adquirir maquinários para melhorar isso".

De acordo com o juiz Claudemiro Avelino, curador do CCM, algumas peças para o futuro laboratório já foram adquiridas e outras estão em processo de compra e licitação.

"Planejamos a aquisição de mesas de sucção, para os técnicos trabalharem eliminando os resíduos dos documentos. Haverá ainda uma máquina obturadora de papel, que restaura documentos já carcomidos, além de espátulas, processadores, scanners e todo um cabedal de instrumentos e equipamentos que estamos providenciando para montar o laboratório", explicou o magistrado.

Para o juiz, ter um espaço mais profissional vai permitir tratar e recuperar um maior número de peças do acervo do Judiciário. "A partir daí teremos o material tratado, objetos, documentos e livros que poderão ser utilizados em futuras exposições temporárias. O CCM pretende fazer isso periodicamente, sempre com temáticas relacionadas à Justiça".  

Novas narrativas 

Convênio entre TJAL e Ufal tem permitido que professores e estudantes acessem o Arquivo do Judiciário. Na avaliação de Mariana Marques, essa iniciativa, somada ao trabalho de preservação que vem sendo feito, contribui para o surgimento de novas pesquisas e narrativas sobre a história de Alagoas.

"Nossa intenção é restaurar e, a partir da restauração, dar visibilidade aos documentos. Pretendemos digitalizá-los e disponibilizá-los em uma plataforma para que possa ser acessado pelo computador. Muitas pessoas apagadas da história de Alagoas estão dentro desses processos, dentro desse Arquivo", destacou.

 

 




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