Há 33 anos, a Igreja Católica no Espírito Santo recebeu o Papa João Paulo II para uma visita que durou dois dias. 18 e 19 de outubro de 1991 a cidade de Vitória recebeu o Papa em duas realidades bem distintas: o Aterro da Comdusa na Enseada do Suá, que recebeu o nome de Praça do Papa, como homenagem pela visita, e o Bairro São Pedro, região que recebeu do Papa ajuda financeira e com ela construiu o Centro de Pastoral do Setor São Pedro, pois a paróquia não tinha sido criada.
Toda a Arquidiocese e as dioceses do Estado se envolveram na preparação e na vivência espiritual que a visita proporcionou. À frente da comissão organizadora da visita, pe. José Ayrola Barcelos que com esmero e dedicação cuidou de todos os detalhes, sob a orientação de dom Silvestre Luiz Scandian, então arcebispo de Vitória.
As lembranças nos fazem viajar no tempo e recordar os detalhes da preparação espiritual para receber o Papa:
Documentos atestam a mobilização que reacendeu a fé e fez com que a visita do Papa fosse, de fato, uma expressão da Igreja seguidora de Jesus, acolhendo o sucessor dos apóstolos.
A cidade respirou fé e espiritualidade durante a visita do Papa e quando ele aparecia, o povo entoava espontaneamente a canção: “A bênção, João de Deus, nosso povo te abraça. Tu vens em missão de paz, sê bem-vindo, abençoa esse povo que te ama”. Para guardar e fazer memória, uma lembrança foi distribuída a quem participou.
Cerca de 200 mil pessoas participaram da missa na Enseada do Suá e receberam a bênção do Papa, mas a visita ao Bairro São Pedro, preparada com antecedência, marcou profundamente o povo da região. Pe. Dauri Batisti, na época administrador do Setor, lembrou dos preparativos: escolha do local; detalhes, como a imagem de São Pedro que o Papa abençoou; a cruz que foi construída com madeiras das construções das casas e cristais; do coral com cerca de 200 crianças que entoaram para o Papa a música de pe. Zezinho “Casinhas de periferia”; e, principalmente, da emoção das pessoas ao receberem o Papa em São Pedro.
Na época o bairro era bastante carente e, muitas pessoas, ainda moravam em palafitas. No dia da visita do Papa, o tempo fechou e a chuva caiu enlameando todo o entorno do local preparado para receber o Papa e mesmo assim uma multidão se juntou ali. Por isso, pe. Dauri destacou “o sentimento do povo, o povo é emotivo. Então, as pessoas chorando, emocionadas, se comovendo com a presença do Papa entre eles”.
O palanque estava preparado e o helicóptero chegou bem perto do local, os seguranças estavam por todos os lados, mas o Papa rompeu o protocolo e foi até o povo, andou sobre a lama e deixou-se tocar pelas pessoas.
Na Enseada do Suá, o Papa também chegou perto do povo, se ajoelhou, rezou em frente à imagem de Nossa Senhora da Penha e abençoou o povo do Espírito Santo.
Ficam as lembranças para quem vivenciou e a narrativa histórica para as gerações e principalmente os católicos não esquecerem que São João Paulo II visitou o Espírito Santo em 1991.