Considerado o maior volume de lixo doméstico, o lixo eletrônico já é um grande problema da vida moderna, especialmente nos centros urbanos. Segundo um relatório publicado pela ISWA, que é parte do programa Global E-waste Monitor 2020, estima-se que em 2030 o mundo deverá produzir um total de 74 milhões de toneladas de lixo eletrônico - quase o dobro em apenas 16 anos.
O mesmo relatório aponta que o Brasil é o quinto maior produtor de lixo eletrônico no mundo e o maior na América Latina, descartando cerca de 2 milhões de toneladas de resíduos eletrônicos todo ano. Na contramão desses números, nosso país recicla apenas 3% desse total.
A coleta e a reciclagem adequadas do lixo eletrônico são essenciais para proteger o meio ambiente e a saúde humana. Na produção dos equipamentos são utilizados vários materiais tóxicos ou substâncias perigosas, como mercúrio, retardadores de chama bromados (BFR) e clorofluorocarbonos (CFCs) ou hidroclorofluorocarbonos (HCFCs). Estima-se que um total de 50 toneladas de mercúrio são liberados anualmente no meio ambiente, impactando diretamente na saúde de trabalhadores que ficam expostos a esses componentes.
Além disso, a gestão inadequada do lixo eletrônico contribui para o aquecimento global, pois como os materiais não são reciclados, eles não podem substituir as matérias-primas da extração e refinamento para novos produtos, o que gera novas emissões de CO2.
O Tech Girls foi fundado com o objetivo de criar alternativas para o reuso consciente de componentes eletrônicos ao mesmo tempo em que promove e capacita mulheres em vulnerabilidade social no aprendizado de tecnologia da informação e na transformação dos equipamentos.
O projeto é baseado em aspectos da Economia Circular como a reutilização, a reparação, a renovação e a reciclagem de materiais, proporcionando um ciclo de vida mais longo aos produtos. O Tech Girls aceita doações de diversos materiais como notebooks, smartphones, amplificadores de sinal de internet, projetores de slide, multimídias, mouses, teclados, entre outros. Todos os equipamentos recebidos são formatados, portanto, todos os dados contidos nele, serão automaticamente deletados.
O Tech Girls, que está legalizado pelo meio ambiente para realizar a coleta, transporte e emissão de Certificado de Destinação Final, por meio do sistema SINIR - recebe, conserta e doa equipamentos que seriam descartados inadequadamente, tais tratamentos são realizadas em suas estações de reciclagens próprias. Dessa maneira transforma lixo eletrônico em ferramenta de trabalho para que as alunas dêem sequência aos seus negócios digitais, ganhando autonomia financeira e resgatando a autoestima.
Além de incentivar ainda mais as doações de eletrônicos em fase final de vida,
a Tech Girls trouxe como parceira a empresa catarinense Softplan, uma das
maiores desenvolvedoras de software do país e engajada com questões sociais.
Por isso, juntamente com a Tech Girls a Softplan está mobilizando a comunidade
tech localizada no importante polo de tecnologia, o Sapiens Parque, para
recolher doações de equipamentos encostados, para que a Tech Girls possa
transformá-los em ferramenta de trabalho e renda para mulheres de em situação
de vulnerabilidade social.
Segundo Larissa Pagnussatto, da área de Gente & Cultura da Softplan, o objetivo da ação é incentivar a formação de novos talentos no mercado de tecnologia, fortalecendo a presença de mulheres na comunidade tech e colocando em prática o propósito da empresa de promover transformações fundamentais na vida das pessoas.
Paralelamente à arrecadação de lixo eletrônico, a Softplan
receberá as alunas do projeto Tech Girls durante o evento Proud Tech Summit.
Realizado pela empresa e com patrocínio de outras big techs como AWS e Oracle,
o evento tem como objetivo fortalecer a comunidade de tecnologia e produto
contando com uma série de palestras e uma programação de alto nível com
referências de mercado. O evento acontece nos dias 07 e 08 de novembro com
parte da programação aberta ao público e parte exclusiva para colaboradores.
Notebooks são recuperados para alunas levarem para a casa
As alunas de baixa renda com boas notas recebem ao final do curso um computador recuperado por elas mesmas. O objetivo é que continuem seus estudos em tecnologia, bem como coloquem em prática seus negócios digitais e realizem vendas pela internet. A desenvolvedora de software e fundadora do Tech Girls, Gisele Lasserre, acredita que a cada computador doado nasce um novo negócio digital.