Ligando o alerta para a desinformação
O repórter Thiago Aquino, que atua com checagem de fatos na Agência Tatu, listou 10 pontos para ligar o alerta para a desinformação e evitar ser vítima de mensagens falsas que se espalham por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens.
Confira:
1. Mensagem acompanhada de alerta do WhatsApp "encaminhada com
frequência"
Essa informação é um alerta de que a mensagem já foi compartilhada várias vezes. Isso pode ser um indicador de que a mensagem é falsa, pois os propagadores de desinformação costumam compartilhar a mesma mensagem repetidamente para aumentar o seu alcance.
2. Alarmista com apelo para que seja compartilhada
Mensagens falsas costumam ser alarmistas e apelam para que sejam compartilhadas. Elas podem usar frases como "Urgente!", "Atenção!", "Compartilhe!", "É uma vergonha!", "É um absurdo!", etc. Esse tipo de conteúdo é feito para despertar a curiosidade e a emoção das pessoas, e levá-las a compartilhar a mensagem sem questionar a sua veracidade.
3. Não especifica o local exato do fato, sendo facilmente compartilhada em qualquer cidade e estado
Muitas mensagens falsas podem ser vagas e não apresentar informações específicas. Por exemplo, elas podem dizer que "um homem foi preso por roubar um banco", mas não informar o nome do homem, o local do crime ou o valor roubado. Isso pode ser um indicador de que a mensagem é falsa, pois os propagadores de desinformação costumam compartilhar mensagens vagas para que possam ser aplicadas a qualquer lugar.
4. Não apresenta a fonte dos dados e informações
Quando uma mensagem não informa a fonte dos dados divulgados pode ser um indicador de que a mensagem é falsa. Sem conhecer a fonte é mais difícil checar sua veracidade.
5. Descontextualização de um caso verídico
A descontextualização de um caso verídico é quando um fato real é apresentado de forma distorcida ou exagerada. Isso pode ser feito para causar pânico ou medo nas pessoas.
6. Uso de imagem que não tem relação com o que está sendo dito
A utilização de imagens que não têm relação com o que está sendo dito é uma forma de enganar as pessoas. As pessoas podem acreditar que a imagem é real, quando na verdade ela foi manipulada ou retirada de um contexto diferente. Elas também podem usar imagens inapropriadas, como fotos de violência ou morte. Isso é feito para chocar as pessoas e levá-las a compartilhar a mensagem.
7. Manipulação de vídeo ou áudio, ocultando a íntegra de uma fala ou texto
É comum que vídeos com desinformação ocultem a íntegra de uma fala. Por exemplo, uma entrevista pode ser editada para fazer parecer que alguém disse algo que nunca disse, usando pequenos recortes ou colando palavras de diferentes trechos. É sempre importante buscar o vídeo original antes de repassar os recortes.
8. Assuntos sensíveis
Normalmente, mensagens falsas costumam abordar assuntos sensíveis, como política, religião, saúde, emprego ou uma discussão polêmica que esteja nos noticiários. Esses assuntos são mais propensos a gerar emoções fortes e a serem compartilhados. Ainda que a informação principal não tenha necessariamente relação com o tema em debate público.
9. Tentativas de golpes com links e utilização de marcas de programas sociais
Muitos golpistas simulam links oficiais ou marcas de programas sociais para gerar confiança nas pessoas. É importante buscar informações sobre programas sociais nos sites dos órgãos públicos e evitar acessar links suspeitos.
10. Afirmações e ideias alimentadas pelo senso comum
Mensagens falsas costumam ser baseadas em afirmações e ideias que são alimentadas pelo senso comum e podem ser mais facilmente aceitas. Por exemplo, uma mensagem falsa pode afirmar que "o governo está roubando o povo". Essa afirmação é baseada em uma crença popular, mas não é necessariamente verdadeira.
O repórter Thiago Aquino lembra que os propagadores de informações falsas contam com pessoas comuns para fazer a desinformação se espalhar e que é sempre importante verificar a veracidade de mensagens antes de compartilhá-las. “É muito importante que o leitor sempre desconfie de uma informação que recebe nos aplicativos de mensagens e até em perfis de redes sociais. É o primeiro passo para não se tornar mais um responsável por propagar uma desinformação. Geralmente uma simples pesquisa na internet já é suficiente para saber que um texto ou imagem é falsa”, orienta.
Desinformação sobre apagão no Brasil e energia da Venezuela
Na semana passada, perfis no Twitter relacionaram o apagão elétrico ocorrido no país em 15 de agosto com a assinatura de um decreto que permite importação de energia de países vizinhos, como a Venezuela.
Na realidade a única causa identificada para o apagão, até o momento, foi uma
falha em uma linha de transmissão que liga as cidades de Quixadá e Fortaleza,
no Ceará.
Já a compra de energia de países vizinhos ainda é estudada pelas instituições do setor elétrico brasileiro e ainda não está em operação, nem há previsão para início. Além disso, a importação de energia da Venezuela seria destinada a atender o estado de Roraima, que não faz parte do Sistema Interligado Nacional e, por isso mesmo, não foi atingido pelo apagão.
A checagem foi feita pelo Comprova, projeto de checagem de fatos que reúne 41 veículos jornalísticos e é liderado pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji).