As Nações Unidas, em coordenação com o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, Cicv, conseguiram retirar 101 civis da siderúrgica de Azovstal, em Mariupol, e outras áreas na Ucrânia.
Eles estavam no local há dois meses para se proteger dos ataques russos à cidade, no sul do país.
Mais pausas humanitárias
De acordo com a coordenadora humanitária da ONU na Ucrânia, Osnat Lubrani, a operação começou em 29 de abril, e foi alinhada com os governos ucraniano e russo após a visita do secretário-geral da ONU, António Guterres, a ambos os países.
O chefe das Nações Unidas afirmou estar satisfeito e aliviado com a operação e espera que a coordenação contínua com Kyiv e Moscou leve a mais pausas humanitárias criando passagem segura aos civis. A meta é chegar a outras pessoas.
Osnat Lubrani contou a jornalistas que, após o resgate, as vítimas precisarão de apoio para lidar com traumas e problemas de saúde. Eles ficaram dois meses “sem ver a luz do dia”.
Membros da família e bombardeios
Ela afirmou que além das pessoas resgatadas na siderúrgica de Azovstal, outras 58 se juntaram ao comboio em Manhush, nos arredores de Mariupol.
O trabalho da ONU com a Cruz Vermelha e outros parceiros humanitários acompanhou 127 pessoas até Zaporizhzhia, cerca de 230 km a noroeste de Mariupol, onde estão recebendo assistência humanitária incluindo assistência médica e psicológica.
De acordo com Osnat Lubrani, cerca de 30 evacuados decidiram não prosseguir para Zaporizhzhia com o comboio. Ela explica que muitos querem ficar em Mariupol para buscar pessoas próximas e membros da família, que foram separados durante os bombardeios.
Evacuações
A coordenadora humanitária teme que possa haver mais civis presos na siderúrgica e, por isso, estão prontos para trabalhar com a Cruz Vermelha para voltar a Azovstal com um novo resgate.
Para Lubrani, o mesmo deve ser feito em todas as outras áreas de intensos e crescentes combates em toda a Ucrânia. Segundo a coordenadora humanitária, as Nações Unidas e os parceiros estão comprometidos em retornar a Mariupol e levar apoio humanitário urgente às pessoas que vivem em prédios destruídos sem acesso a água ou eletricidade.
Vulnerabilidade
Em um testemunho pessoal sobre o trabalho de evacuação, Osnat Lubrani afirmou que ouviu mães, crianças e avós frágeis falarem sobre o trauma de viver dia após dia sob bombardeio implacáveis e o medo da morte, e com extrema falta de água, comida e saneamento.
Ela relatou que famílias puderam ser reunidas após semanas, mas que muitos ficaram chocados ao observa a destruição causada pela violência em Mariupol.
Para Osnat Lubrani, essas histórias de Mariupol e de outros lugares da Ucrânia são um testemunho da “crueldade dessa guerra injusta”.