Neste Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, destaca o trabalho essencial de jornalistas e outros profissionais do meio que “procuram transparência e responsabilidade daqueles que estão no poder”.
Segundo o chefe da ONU, embora muitas vezes corram grande risco, eles seguem na linha de frente para levar informações precisas e para salvar vidas. Guterres destacou o trabalho durante a pandemia e em zonas de guerra, onde são fundamentais para garantir reportagens de qualidade.
Digitalização
O secretário-geral falou do desafio que o crescimento da digitalização impõe à imprensa.
Segundo ele, a tecnologia digital também torna a censura ainda mais fácil. Muitos jornalistas e editores em todo o mundo correm o risco constante dos seus programas e reportagens serem retirados da internet. E a tecnologia digital cria novos canais para opressão e abuso. As jornalistas, por exemplo, correm um risco particular de assédio e violência online.
Para Guterres, o avanço da tecnologia digital, embora contribua para a democratização no acesso à informação, ela também facilita a censura e cria novos canais para opressão e abuso, além de aumentar o risco de assédio e violência.
Um levantamento, citado por ele, indica que quase três em cada quatro profissionais sofreram violência online.
Guterres lembrou que, há 10 anos, foi estabelecido um Plano de Ação para a Segurança dos Jornalistas, para proteger os trabalhadores e acabar com a impunidade dos crimes cometidos contra eles.
Prêmio
Também para a celebração da data, a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, premiou a Associação de Jornalistas da Belarus com o Prêmio Mundial da Liberdade de Imprensa/Guillermo Cano.
A cerimônia de entrega do prêmio será em 2 de maio em Punta Del Este, Uruguai, durante a Conferência Global do Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
A Associação Bielorussa de Jornalistas foi formada em 1995 como uma entidade não governamental de trabalhadores da mídia com o objetivo de promover a liberdade de expressão e o jornalismo independente em Belarus.
Hoje, reúne mais de 1,3 mil membros e integra a Federação Internacional de Jornalistas e da Federação Europeia de Jornalistas.
Políticos e regimes autoritários
Em agosto de 2021, após uma batida policial em seus escritórios, o Supremo Tribunal de Belarus ordenou a dissolução da organização, a pedido do Ministério da Justiça do país.
O presidente do júri internacional do Prêmio, Alfred Lela, explica que a premiação é uma demonstração que estão ao lado de todos os jornalistas do mundo que criticam, se opõem e expõem políticos e regimes autoritários, transmitindo informações verdadeiras e promovendo a liberdade de expressão.
Para ele, essa é uma forma de dizer “estamos com você e valorizamos sua coragem”.
A diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, destacou que o prêmio, que existe há 25 anos, chama a atenção do mundo para a bravura de jornalistas que se sacrificam tanto em busca da verdade e da responsabilidade.
Ela disse que os profissionais inspiram e lembram da importância de garantir o direito dos jornalistas em todos os lugares de trabalhar de forma livre e segura.
O Prêmio Guillermo Cano leva o nome do jornalista colombiano e fundador do jornal El Espectador assassinado na Colômbia, em dezembro de 1986. Ele foi morto a tiros na frente do prédio do jornal, quando entrava para trabalhar.