A Corrida Internacional de São Silvestre é a mais tradicional e famosa prova de rua do Brasil, que acontece todos os anos no dia 31 de dezembro, em São Paulo. A competição reúne cerca de 20 mil corredores, de diferentes níveis de condicionamento físico e experiência, que enfrentam um percurso de 15 km pelas ruas da capital paulista. Para participar da corrida, é preciso estar preparado física e mentalmente, seguindo algumas dicas de saúde que podem fazer a diferença no desempenho e na segurança dos atletas profissionais e amadores.
Cuidados com o coração
Dr. Hélio Castello, cardiologista e coordenador de hemodinâmica do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, alerta para a importância de cuidar da saúde cardiovascular, que afeta diretamente o rendimento do corredor. Ele recomenda que, antes de se inscrever na prova, o corredor faça um check-up médico para avaliar sua saúde geral e cardiovascular, realizando exames como ecocardiograma, exames de sangue e teste ergométrico.
“Esses exames permitem verificar o funcionamento do coração durante o exercício físico, identificando possíveis alterações, como arritmias, isquemias ou hipertensão arterial. Atletas de alto desempenho podem precisar de exames adicionais, como o ergoespirométrico, que avalia a capacidade cardiorrespiratória e determina a zona alvo de treinamento”, explica o médico.
Além disso, o cardiologista ressalta a importância de verificar a saúde pulmonar e as condições das articulações, como joelhos, pés e plantas dos pés, que podem sofrer com o impacto da corrida. Ele também orienta sobre os cuidados na preparação para a prova, como usar roupas adequadas, hidratar-se bem e consumir alimentos ricos em carboidratos de fácil digestão antes da corrida, como frutas, batata doce e mel.
“É importante lembrar que o check-up médico e a avaliação da saúde são essenciais para evitar complicações e garantir um desempenho seguro e eficiente durante a corrida de longa distância. Além disso, é necessário estar atento a sintomas como cansaço excessivo, dor no peito, falta de ar e dor de cabeça após a atividade física, que podem indicar problemas cardíacos. A hidratação adequada também é fundamental durante a corrida, pois evita a desidratação, a perda de sais minerais e evita câimbras”, afirma o Dr. Hélio Castello.
Prevenção de lesões
O ortopedista e especialista em joelho e trauma do esporte do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Gabriel Pecchia, destaca a importância do treinamento de intensidade gradual para os corredores que desejam participar da São Silvestre. “Aumentar a intensidade do treino gradualmente permite que o corpo se adapte ao esforço e evita lesões por excesso de carga. O fortalecimento muscular, principalmente dos membros inferiores, ajuda a proteger as articulações e a melhorar a postura e a biomecânica da corrida. Para os iniciantes, é recomendado intercalar caminhada e corrida, respeitando o ritmo e o tempo de cada um. Também é importante usar um calçado adequado, que é aquele que se adapta ao tipo de pisada e ao formato dos pés, proporcionando conforto, estabilidade e amortecimento”, explica.
Sobre a prevenção de lesões, o ortopedista menciona a dor muscular tardia, as contraturas musculares e as tendinites como as mais comuns entre os corredores, além de alertar para a periostite, popularmente conhecida como canelite, uma inflamação na estrutura do osso chamado periósteo, que pode ocorrer por atividades de impacto repetitivas, afetando principalmente aqueles que intensificam os treinamentos além de seu limite, sejam atletas profissionais ou iniciantes. Além destas, há as fraturas por estresse pelo movimento repetitivo que podem acometer até pessoas sedentárias que iniciam a corrida sem orientação profissional adequada.
“Para prevenir as lesões, é importante fazer um aquecimento antes da corrida e um alongamento depois, respeitando os limites do corpo e evitando o excesso de treinamento. Também é recomendado fazer uma avaliação ortopédica, antes de participar da prova, para verificar se há alguma contraindicação ou risco para a saúde. As lesões ocorrem quando os limites individuais são ultrapassados e, por isso, a consciência dos próprios limites é essencial para reduzir o risco de se lesionar”, conclui o Dr. Gabriel Pecchia.