O artesanato brasileiro ganhou mais espaço no mercado internacional. O programa Exporta Mais Brasil, realizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), promoveu rodadas de negócios entre 26 artesãos de 10 estados brasileiros e compradores de seis países: Itália, França, Peru, Emirados Árabes, Irlanda e Estados Unidos que vieram ao país a convite da Agência. O encontro, que contou com a parceria dos escritórios do Sebrae MS e GO, foi realizado nos dias 30 e 31 de outubro, em Campo Grande (MS), e movimentou R$ 11,3 milhões em negócios imediatos e para os próximos 12 meses.
“O artesanato brasileiro tem uma diversidade incrível. Neste evento, foram representados artesãos da cultura indígena, artesanatos típicos do Mato Grosso do Sul, como os da faixa pantaneira, e artesãos de quase todas as regiões brasileiras. Foi bem diversa a seleção de produtos, que vieram também do Acre, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Distrito Federal, Pará, Tocantins e Goiás”, explicou Amanda Mesquita, analista da Coordenação de Competitividade da ApexBrasil.
Ao todo, foram realizadas 115 reuniões de negócios, além de visitas técnicas na Aldeia Marçal de Sousa e na empresa Bella Pedra Cristal. Na ocasião, também foi realizado o Seminário Soluções para Exportação de Artesanato, em que foram apresentadas informações sobre os serviços da ApexBrasil que apoiam empreendedores na jornada de exportação. “Apresentamos os produtos de inteligência de mercado para as empresas brasileiras, indicando que temos um mapa onde elas podem identificar oportunidades no mundo para os seus produtos”, disse Sandra Rebouças, analista da Coordenação de Análise de Mercado da ApexBrasil.
“Desde 2017, a Agência conta com o Programa E-Xport, sob o qual são desenvolvidas diversas ações de sensibilização, capacitação, apoio na abertura de vendas digitais, geração de negócios e consolidação de empresas no e-commerce internacional. O setor do artesanato pode usufruir dessas iniciativas para acelerar seus negócios em plataformas de e-commerce internacionais”, acrescentou Adamita Inoue, analista da Coordenação de Competitividade da ApexBrasil.
Para Cíntia Faleiro, representante Regional do Centro-Oeste da ApexBrasil, o evento trouxe ainda mais espaço no cenário internacional para o artesanato brasileiro. “Artesãs, artesãos, cooperativas e associações de artesanato puderam mostrar seu potencial e iniciar diálogos importantes com compradores estrangeiros interessados em levar a produção brasileira para seus países”, afirmou.
Expectativas para a exportação
Para a artesã e empresária Nara Melo, da Trapos e Fiapos, “exportar é uma vontade antiga. A gente tem sim alguns clientes fora do Brasil, mas a minha expectativa é que, a partir desse evento da ApexBrasil, e muitos outros que estão por vir, a gente consiga ultrapassar a barreira do Brasil com mais facilidade e chegar nos mais variados locais onde a gente sempre sonhou estar”. A Trapos e Fiapos está sediada em Teresina (PI) e trabalha com peças de decoração produzidas em tear e fibras naturais, como tapetes, jogos americanos, almofadas e mantas.
A artesã Ivanilde Reis de Nascimento, da Eterna Flora - Arte do Cerrado, também tem grandes expectativas. “Essa é a minha primeira vez em uma experiência como essa, de ter a oportunidade de exportar, de ter esse conhecimento de como é lá fora. É uma expectativa sensacional, vai ser fantástico mandar minhas peças para fora”, contou. A empresa da Ivanilde é de Alexânia (GO) e oferece, desde 2020, produtos de decoração de casa e eventos, como arranjos, mandalas, buquês, corsages, entre outros itens decorativos feitos de flores secas do cerrado.
Artesanato brasileiro
De acordo com o IBGE, o artesanato contribui para a economia de 67% dos municípios brasileiros e movimenta cerca de R$ 100 bilhões ao ano. Responsável por 3% do PIB brasileiro, a atividade gera emprego e renda para cerca de 8,5 milhões de pessoas, sendo a maioria expressiva de mulheres. Além disso, conta com produção relevante em territórios indígenas e quilombolas.
A liderança feminina é marcante no segmento. Dados do Sebrae apontam que 77% do total de artesãos brasileiros são mulheres, sendo, muitas vezes, arrimo de família e líderes destacadas em suas comunidades. As artesãs costumam ser as guardiãs das tradições, responsáveis por ensinar esses modos de fazer às gerações mais jovens.
Nesta edição do Exporta Mais Brasil, 74% dos participantes eram mulheres artesãs, confirmando o perfil identificado na pesquisa.