Os rios da região do Pantanal, nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, seguem em processo de recuperação dos níveis devido às chuvas. Em Ladário (MS), estação de referência, a cota subiu 33 cm nas últimas duas semanas e chegou à marca de -26 cm nesta quarta-feira (8). Cáceres (MT), que oferece uma das maiores contribuições em termos de vazão de rios, registra 1,23 m. As informações sobre a situação são apresentadas no 45º Boletim Semanal de Monitoramento Hidrológico da Bacia do Rio Paraguai em 2024, divulgado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB).
Apesar da melhora, as cotas ainda estão abaixo da média e os prognósticos indicam que Ladário (MS) deve permanecer abaixo dos 10 cm até aproximadamente a primeira quinzena de dezembro. Em outubro, a estação registrou a mínima histórica de -69 cm. Esse foi o valor mais baixo já registrado na estação nos últimos 124 anos, confirmando prognósticos do SGB.
“Diante da seca extrema na bacia, iremos acompanhar com cautela o cenário e analisar como será esse início de estação chuvosa”, explica o pesquisador do SGB Marcus Suassuna, assessor da Diretoria de Hidrologia e Gestão Territorial.
Durante a estação chuvosa – outubro de 2023 a setembro de 2024 – foi registrado um déficit acumulado de 395 mm. O total estimado foi de 702 mm, enquanto a média esperada seria de 1.097 mm. De 2020 a 2024, o déficit acumulado foi de aproximadamente 1.020 mm, valor equivalente ao total de um ano hidrológico, ou seja, é como se, nos últimos 5 anos, tivesse faltado um ano inteiro de chuvas.
Apoio aos municípios
Além de monitorar, o SGB também apoia os municípios com o Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS), em períodos de crises hídricas. O SIAGAS é um banco de dados que reúne informações sobre poços perfurados no Brasil, com mais de 371 mil cadastrados, sendo 14 mil na Região Centro-Oeste. Disponível para consulta pública, o sistema apresenta informações sobre fontes de águas subterrâneas. Desse modo, permite identificar poços dos quais seja possível extrair água para usos doméstico, industrial, para irrigação ou outras finalidades. Esse projeto é fundamental para a gestão de políticas públicas, tanto em nível nacional como estadual e sub-regional.
Parceria
O monitoramento dos rios é realizado a partir de estações telemétricas e convencionais, que fazem parte da Rede Hidrometeorológica Nacional (RHN), coordenada pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA). O SGB opera cerca de 80% das estações, gerando informações que apoiam os sistemas de prevenção de desastres, a gestão dos recursos hídricos e pesquisas. As informações coletadas por equipamentos automáticos, ou a partir da observação por réguas linimétricas e pluviômetros, são disponibilizadas na plataforma SACE.
