Mais um voo de repatriação de brasileiros que moravam no Líbano pousou, nesta terça-feira (8), na base aérea de Guarulhos, em São Paulo. À espera dos 227 passageiros, estava a equipe de voluntários da Força Nacional do SUS (FN-SUS) formada por 13 profissionais entre médicos, enfermeiros, assistente social e psicólogos que ofereceram cuidados quanto à saúde física e mental dos repatriados.
Segundo o coordenador da missão, Renato Santos, a equipe de profissionais recebeu uma espécie de manual de costumes do país, envolvendo cultura, comportamento, vestimenta, linguagem, religião e alimentação para prestar um atendimento mais humanizado e acolhedor.
“Fizemos questão de convocar homens e mulheres para os atendimentos e, também, profissionais que falam árabe, francês, inglês e português. Só conseguimos fazer um real acolhimento das pessoas quando conhecemos sua cultura, para que tenham o tratamento mais universal possível. Esse é um dos princípios do SUS, além da equidade e a integralidade”, disse o enfermeiro.
Para Rabiha Taha, uma das repatriadas, o atendimento foi acolhedor e trouxe segurança a eles. “Eu andava com ‘o coração na mão’ lá no Líbano. Medo e bomba estavam para todo lado. Fiquei com a família dividida, mas precisava trazer minha mãe para junto dos meus irmãos. Recebi um atendimento respeitoso, carinhoso e acolhedor. Foi um alívio retornar”, confessou
O trabalho da Força Nacional do SUS
O trabalho da FN-SUS começou duas semanas antes do primeiro voo de repatriados chegar ao Brasil. Os 13 profissionais da saúde reuniram-se presencialmente e online para alinhamento dos cuidados médicos, mentais, sociais e culturais dos passageiros. “Conversamos com várias comunidades libanesas para entender todo o processo da cultura, alimentação, forma de comportamento dessas pessoas”, explica Renato.
No desembarque, os profissionais - em interlocução com médicos e psicólogos da Força Aérea Brasileira (FAB) que estavam dentro do avião - já sabiam das condições físicas e mentais dos passageiros para acolhê-los. Todos foram recepcionados em sua língua-mãe e encaminhados para os atendimentos médicos de acordo com a necessidade. Os atendimentos mais comuns entre os passageiros foram leve desidratação, primeiros cuidados psicológicos e pico hipertensivo.
Após o atendimento no local, alguns pacientes precisaram de tratamento a longo prazo. Nesses casos, a secretaria de saúde do estado foi notificada para realizar o acompanhamento e a medicação necessária. “Vamos garantir a continuidade do cuidado, o que representa a integralidade do Sistema Único de Saúde”, informa Renato Santos.
Sobre a operação
Esse é o segundo voo da operação do governo federal, batizada de ‘Raízes do Cedro’, que resgata brasileiros que estão na zona de conflito no Oriente Médio. O primeiro chegou no domingo (6), também em Guarulhos, com 228 passageiros, entre brasileiros e familiares, e três animais domésticos repatriados do Líbano.
Somado aos 227 de hoje, um total 455 pessoas já foram repatriadas. A aeronave deste segundo voo levou ao país árabe a doação humanitária brasileira de insumos médico-hospitalares solicitados pelas autoridades libanesas. Outros bens emergenciais devem ser transportados nos próximos deslocamentos.